terça-feira, 16 de novembro de 2010



Mas como é diferente, como é surpreendente, quando você pensa que sabe tudo, ou quase tudo, que sabe como jogar, que sabe como chegar ate o fim do jogo sem perder, sempre acontece de encontrar uma pessoa que simplesmente acaba com todas as regras e leva junto todo seu manual de instruções, é muito fácil ver a historia de longe, e dizer que poderia ser mais fácil se eu não complicasse, eu só me sinto com a obrigação de fugir antes que as coisas fujam do controle, do meu controle, sabe é tirar palavras, reações é me deixar estática sem saber o que fazer, é quebrar a regra que eu demorei tanto para impor, (...) e não é orgulho já deixou de ser orgulho há muito tempo, é uma espécie de rotina, de caminho certo, as coisas não mudam faz tempo, não mudam por que eu não mudo e não mudo por que eu não quero mudar simples assim, afinal pra mim essas coisas sempre foram muito simples, eu sempre tive está facilidade de excluir pessoas da minha vida por mais que eu sofra por dentro, eu acho que eu sou minoria mesmo, minhas características não se encaixam na maioria das historias que ouço por ai, quando eu olho pro lado eu sempre vejo pessoas agindo tão espontâneamente que até me assusto, eu gostaria de saber por que eu não consigo fazer igual elas, simplesmente deixar as coisas tomarem seus próprios lugares sem impor barreiras muito menos limites, sem essas limitações ate mesmo covardes que eu imponho em certas coisas, e já não é medo, se fosse medo eu já teria superado, a vontade seria maior, eu acho que é exatamente o que eu já disse uma espécie de caminho, caminho cheio de placas impostas por mim, a pessoa que sair fora desse caminho é excluída automaticamente pela minha autodefesa pelo simples fato de que mudando o caminho ela pode estar se aproximando demais de mim e eu não quero isso, não por enquanto.

domingo, 14 de novembro de 2010


Esses dias eu conheci um mocinho na balada. Muito educado, gracinha, alguns anos mais jovem. A aproximação dele aconteceu de forma direta e gentil, muito bem orientada. Desde o início ele sabia o que queria e exalava a confiança (talvez proveniente da extrema beleza) de que podia qualquer coisa que quisesse… Alguns minutos conversando comigo, ele tentou um beijo. Não dei.
Não sei dizer ao certo porque sequer troquei telefone com ele. Talvez — apesar do meu desejo — eu tenha usado aquela situação pra refletir e perceber que o discurso feminista que a gente sustenta tanto, aquele mesmo da independência e iniciativa feminina, pode gerar o efeito contrário muitas vezes.
A gente estava tendo uma conversa deliciosa… Mas quando o amigo chegou com seu olhar de reprovação vc-tá-nessa-ainda e o moço se deu conta que havia passado 30, 40 minutos conversando apenas comigo em uma boate lotada de gente (leia-se muitas possibilidades) retraiu-se. Fui educada e simpática, agradeci a companhia e saí.
Por que contar essa história? Porque eu acho que toda mulher merece um cara que gaste mais de 40 minutos, insistindo, conhecendo e se deixando conhecer antes de tentar colocar a língua dentro da boca dela. Nada contra a filosofia do “ficar”… Mas é que hoje eu vejo que a nossa vida perdeu boa parte do romance. E da corte, do flerte, da conquista, da sedução… As relações são quase todas fast-foods, e a gente tem tanta fome de viver, que vai atropelando fases e vai atropelando tudo. E mata — sem se dar conta — o tempo necessário pra perceber se aquela história podia ser mais… Se o cara era legal, ou você era legal… vai saber.
Eu acho que eu tô ficando careta. Nunca achei que eu fosse dizer isso, mas tô. Acho que a gente veio “deseducando” os homens durante todo esse tempo, e deixou tudo tão fácil, tão disponível e tão acessível que matou todo o encanto…
Por que simplesmente não beijar o cara quando estiver com vontade? Por que relutar em atender a cada desejo e necessidade nossa ,no instante mesmo em que elas aparecem? Afinal, não somos mulheres modernas? Respondo.

Porque depois de um tempo, a maioria de nós reclama de solidão e vazio. E não entende por que ele não percebeu que você é incrível e te convidou para a festa da empresa. E se sente abandonada, sozinha… Como nós, os homens também querem ser sacudidos até perderem o juízo, também querem se sentir vivos. Também querem se apaixonar e — por mais que neguem — encontrar aquela que enlouquecerá suas cabeças. Me chamem de quadrada, mas eu não acho que vai ser a moça cuja língua ele conheceu antes mesmo de dar oi. A mesma moça que depois, em casa, vai ficar se perguntando porque histórias incríveis só acontecem no cinema.
(Ao moço dos olhos azuis que conheci numa noite de quarta em dezembro naquela boate do lago, saiba… eu teria dado o meu telefone a você.)
Elenita Gonçalves Rodrigues